Vamo São Paulo!!!

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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Mais uma aberração da CBF

Bom dia, Nação Tricolor.

Abaixo reproduzo o texto do jornalista Marcelo Damato do Lancenet, relacionado a unificação dos títulos brasileiros.

Na minha opinião, mais uma vez a CBF cometeu um grave erro, tomando outra atitude política e não desportiva, independente dos times envolvidos, é óbvio que faltou o mínimo de critério em relação a essa decisão.

Uma pergunta que gostaria de fazer é a seguinte:

E como fica a Copa União?

A CBF vai reconhecer o título do Flamengo?

Confesso que tem hora que desanima.


por Marcelo Damato em 14.dez.2010 às 11:32h

"Querem parir um Monstro"


Há atos tão graves e escandalosos que pouco importa se foram praticados por preguiça, por burrice ou por sem-vergonhice.

Poucas vezes se viu um pleito tão descabido quanto esse que está para ser aceito, e, o que é pior, sob o argumento da reparação de uma injustiça. A CBF, que já fez tantas, deveria cuidar de sua história.

O principal, senão o único argumento a favor da tese do reconhecimento dos títulos é de que a reivindicação é justa e que para reparar uma injustiça nunca é tarde demais. Nada nesse argumento é verdadeiro. A reivindicação é injusta e, ainda que não fosse, o assunto já caducou e não faz pouco tempo.

O MÉRITO

1. Recuperando a história

A Taça Brasil (1959-1968) foi criada não como um confronto dos melhores times do Brasil, mas como uma disputa de campeões estaduais, exatamente como sua irmã mais nova, a Copa do Brasil, nascida em 1989.

Naquela época, tirando sete ou oito estados, no restante o futebol era semi ou completamente amador.

Nos dez anos de existência, passaram pela Taça Brasil as seguintes equipes: Rabello, Guanabara, Defelê e Cruzeiro do Sul, de Brasília (DF), América, de Propriá (SE), Perdigão, de Videira (SC), Fonseca, Eletrovapo e Manufatora, de Niterói (RJ), Paula Ramos, de Florianópolis (SC), Santa Cruz, de Estância (SE), Santo Antonio, de Vitória (ES), Metropol, de Criciúma (SC), Comercial, de Cornélio Procópio (PR), Olímpico, de Blumenau (SC), Siderúrgica, de Sabará (MG), e Rio Branco, de Campos (RJ), entre muitos outros que a maioria dos leitores certamente desconhece.

Da Taça Brasil, São Paulo e Corinthians nunca participaram. Em compensação, o Metropol disputou quatro vezes, o Fonseca, três, e o Santo Antonio , duas.

Num certo ano, Santos e Palmeiras se negaram a disputá-la e nada aconteceu.

Em termos de representatividade e dificuldade, a Taça Brasil era sem dúvida mais fraca até que o Torneio Rio-São Paulo.

Fica assim mais do que claro que o vencedor dessa competição não pode ser equiparado ao do Brasileiro.

O Torneio Roberto Gomes Pedrosa foi a primeira competição criada para reunir as maiores forças do futebol nacional. Mas em seus dois primeiros anos (1967-8) não era uma competição oficial da CBD. Quem a organizava eram as federações de São Paulo e Rio, com suporte das demais. O nome do torneio foi dado a um presidente da Federação Paulista de Futebol, morte pouco mais de uma década antes.

Apenas em 1969, a CBD chamou para si a organização. Como a competição foi um sucesso, aí criou o Campeonato Nacional.

Assim, do ponto de vista histórico, os únicos títulos que ainda sobrevivem a uma discussão são os do Robertão de 1969 e 1970.

2. Da seriedade do pedido.

Quando foi criado, o então Campeonato Nacional foi saudado como a primeira competição nacional digna desse nome.

Quando o Atlético-MG venceu o Campeonato Nacional de 1971, foi proclamado o primeiro campeão nacional. Num país de 92 milhões de habitantes, não houve nenhum que tenha ido a público para dizer: “primeiro campeão, não!. O Atlético é o 15º campeão. Já houve dez campeões da Taça Brasil e quatro do Robertão!!”

E não foi só naquela época. Por mais de 30 anos, até o século 21, nenhum dirigente levantou a bandeira do reconhecimento dos títulos. Será que nos anos 70, 80 e 90, os presidentes desses clubes eram tão tapados que não enxergavam o óbvio ou são os atuais mandatários que agora se comportam como oportunistas?

Se os dirigentes que viveram aquela época não consideravam o pleito justo, como seus sucessores, que viveram aquela época como crianças, podem ter outra visão?

O PRAZO

“Nunca é tarde demais para se fazer justiça”

Apesar da aparência benévola e verdadeira, essa tese é completamente falsa e mesmo malévola. É um conceito consagrado do direito de quase todo país e, em especial do Brasil, que permitir se busque justiça a qualquer tempo faz mais mal do que bem à sociedade.

A maior prova disso é o rito da Justiça, cheio de prazos, dos quais basta perder um para que se perca todo o processo. E a justificativa dos prazos é que Justiça lenta demais não produz justiça ainda que chegue à decisão correta.

No Brasil, após três décadas prescreve qualquer crime e qualquer direito, exceto o da aposentadoria às vítimas da ditadura militar. O atual processo foi aberto há poucas semanas, de 40 a 52 após as conquistas.

E, como já foi dito, as competições aconteceram há mais de 40 anos. A grande maioria da população brasileira nem era nascida quando se jogaram essas competições.

Se o princípio do “nunca é tarde…” fosse válido, os descendentes de índios já teriam se recuperado a posse de todas as terras do Brasil, o governo brasileiro estaria completamente quebrado tal o volume de indenizações que teria de pagar aos descendentes de escravos pelos males horríveis que se cometeram contra eles ao logo de mais de dois séculos.

Assim, a causa não tem mérito nem oportunidade.

Os maiores perdedores dessa decisão, caso ela saia mesmo, serão o futebol brasileiro e os clubes aparentemente beneficiados por ela. Pois, de agora em diante, estarão condenados de ficar explicando como chegaram a uma decisão tão esdrúxula.

Por fim, só para provocar, por que o Santos não pediu a Taça de Bolinhas no momento em que foi anunciada? Afinal, já não era penta?

A Taça Brasil e o Robertão merecem ser reconhecidos como são. Como torneios pioneiros, precursores de competições que vieram para ficar. Não se pode dizer que o pai e o filho são a mesma pessoa.

Este post foi publicado terça-feira, 14 de dezembro de 2010 às 11:32 na categoria CBF, Campeonato Brasileiro.

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