Junto à evolução do futebol, no que diz respeito ao estilo de jogo ou às táticas, também houve a evolução dos uniformes do São Paulo Futebol Clube que desde sua fundação, em 1930, mantém a mesma estrutura na camisa do clube mais vitorioso do Brasil.[1] Os fundadores do São Paulo Futebol Clube queriam um nome, cores e formas que representassem suas vontades como esportistas. Para isso, foram retirados o vermelho do C.A. Paulistano, o preto da A.A. das Palmeiras e o branco de ambos, simbolizando a união dos times em um outro, maior. Assim nasciam as três cores do clube.[2][3] Já o escudo e os uniformes do São Paulo Futebol Clube foram desenhados por um alemão, de nome Walter Ostrich, que era simpatizante do novo clube em formação,[4] com a ajuda de Firmiano de Moraes Pinto, um dos presentes à fundação.[3][5]
O uniforme principal do São Paulo, no que diz respeito à estética, variou pouco desde 1930, estando suas principais mudanças na largura das faixas centrais, além de detalhes — tais como frisos e listras — nas golas, mangas e meiões. No segundo uniforme as alterações foram um pouco mais contundentes, porém sempre mantendo a estrutura de listras verticais alternadas em preto, branco, vermelho e branco. Os calções e meiões foram modificados e passaram de brancos — seguindo o primeiro uniforme — a vermelhos e posteriormente a pretos, além de possuírem peculiaridades de frisos e listras tal qual o uniforme titular.
Além das mudanças estéticas, houve a mudança na própria estrutura e tecido do uniforme. Até a década de 1970 os uniformes eram produzidos em algodão puro, o calção chegava a ser, por vezes, de brim e os meiões eram amarrados à canela para não caírem. Somente no final dos anos 70 é que começou a ser usada uma mescla de fibras para, em 1986, o poliéster ser incorporado ao material das camisas juntamente ao algodão. Com isso as camisas ficaram mais leves e não encharcavam como as antigas. Somente no meio da década de 1990 é que o tecido 100% poliéster começou a ser utilizado. Em 2000 surgiram as primeiras camisas que retinham menos suor e com alta capacidade de evaporação. Atualmente os materiais dos uniformes continuam evoluindo com novas composições de tramas para proporcionar aos jogadores a melhor condição de jogo.[6] Já os números começaram a ser utilizados, pelos clubes brasileiros, em 1947, apesar de terem sido utilizados pela primeira vez em 1933 na final da Copa da Inglaterra.[7]
Uniformes
De acordo com o estatuto do São Paulo Futebol Clube, os uniformes tem que ser produzidos de acordo com as normas pré-estabelecidas. São permitidas apenas a aplicação de patches nas mangas enquanto o clube detiver o título de determinado campeonato ou por algum outro motivo especial.[8]Escudo
De acordo com o estatuto do clube, o símbolo do Tricolor Paulista é formado por um triângulo isósceles branco, invertido, com base maior elevada por um retângulo com altura igual à metade da lateral do referido triângulo. Dentro dessa parte alongada encontra-se outro retângulo, de cor preta, com as iniciais SPFC em branco. No interior do triângulo uma faixa branca de largura igual a um quarto da lateral menor com dois triângulos escalenos, um vermelho à esquerda e outro preto, à direita.[3][8]
As estrelas foram introduzidas posteriormente e também tem um significado especial. As duas douradas, introduzidas no escudo em 1955 e, posteriormente, no uniforme em 1997, representam os recordes mundiais e olímpicos conquistados por Adhemar Ferreira da Silva nas Olimpíadas de 1952 em Helsinque e nos Jogos Pan-americanos de 1955 no México.[3]
Já as três estrelas vermelhas, ao centro, introduzidas em 2000, representam o tricampeonato Mundial conquistado no Japão, nos anos de 1992, 1993 e 2005.[3]
Pelo estatuto não são permitidas inclusões de títulos considerados de menor importância. Campeonatos continentais, nacionais, estaduais ou torneios de verão jamais poderão ser representados por estrelas.[8]
Uniforme titular
O uniforme titular é composto de camisa branca com três faixas horizontais à altura do peito sendo a primeira vermelha seguidas pela branca e pela preta. As faixas vermelha e preta devem ter cinco centímetros de largura e a branca deve ter largura igual a 2,5 centímetros. O escudo cobre inteiramente as faixas. Esse uniforme é a mistura perfeita dos clubes que deram origem ao Tricolor do Morumbi, o C.A. Paulistano e a A.A. das Palmeiras uma vez que o primeiro possuía uma faixa vermelha e o segundo uma preta no uniforme. O calção e as meias são igualmente brancas.[3][9]
Uniforme reserva
Já o uniforme reserva é composto alternadamente por faixas vermelhas, brancas, pretas e novamente brancas, todas verticais. Na altura do coração encontra-se o escudo do clube. As faixas vermelhas e pretas possuem 4,5 centímetros de largura e as brancas tem largura de 1,5 centímetros. O calção e as meias são pretas.[3][9]
O uniforme padrão do São Paulo possui diversos tipos de combinações, sempre mesclando partes do uniforme principal com partes do uniforme reserva. Dessa maneira cumpre-se a rigorosa norma da FIFA — de meados dos anos 90 — de diferenciação de todas as partes das vestimentas dos times em uma partida.[10]
Uniforme alternativo
O uniforme alternativo, conhecido também como terceiro uniforme, não é permitido pelo estatuto do clube. O que não impediu o clube de produzi-los em épocas distintas — 1944, 1966, 1984, 1985 e 2000 —, mas sempre com vida curta (alguns chegaram a ser utilizados em apenas uma partida).[8]
Já ocorreu de ser criado um terceiro e um quarto uniformes praticamente iguais aos oficiais porém com pequenas mudanças, tal qual uma gola alusiva aos anos 80 para a disputa de jogos da Copa Libertadores da América de 2007.[11]
A partir de 2008 a Reebok pretende lançar a cada ano uma "Camisa Oficial da Torcida Tricolor", uma espécie de terceiro uniforme que não entrará em campo em partidas oficiais servindo para vendas à torcida. A primeira camisa desse tipo foi chamada de "Torcida Black"[12] — uma camisa preta com uma listra vertical vermelha e uma branca à esquerda —, já a segunda camisa desse tipo a ser produzida foi inspirada no terceiro uniforme que o time usou em 1966.[13]]
Evolução do uniforme
1930 — 1934 | ![]() ![]() | O uniforme utilizado entre 1930 e 1934 surgiu da fusão entre os uniformes do C.A. Paulistano — a listra vermelha — e da A.A. das Palmeiras — a listra preta. Dessa maneira foi criado um uniforme que simbolizasse a união dos clubes além de, é claro, serem as mesmas cores do estado ao qual pertencem.[5] |
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1935 — 1943 | ![]() ![]() | Entre 1935, sua segunda fundação, e 1943 o uniforme tricolor apenas deixou de possuir as faixas no calção. Faixas essas que ainda seriam utilizadas em outros uniformes posteriores, mas sem muita regularidade.[5] |
1944 — 1983 | ![]() ![]() | A partir de 1944 e até 1983 a grande mudança ficou por conta dos meiões, que deixaram de possuir o preto passando, assim, a serem totalmente brancos. O calção deixou de ser preso por uma faixa vermelha, que passou a ser branca.[5] |
1944 | ![]() | Em 1944 o São Paulo utilizou um uniforme parecido com o utilizado pela seleção estadual paulista. Foi utilizada ao menos uma vez na partida contra a Portuguesa em 16 de julho cujo placar final foi de 4 a 1 para o Tricolor do Morumbi.[14] |
1966 | ![]() | Uniforme criado em 1966 pelo jornalista Paulo Planet Buarque, à época conselheiro do clube. Foi utilizado em algumas partidas do Campeonato Paulista daquele ano.[15] |
1969 | ![]() | Durante a disputa do Troféu Colombino de 1969 o São Paulo não possuía sua camisa listrada para jogar contra o Real Madrid. Dessa maneira pegou emprestada a camisa azul do Recreativo de Huelva, que promovia a competição. O jogo terminou com a vitória do Tricolor Paulista por 2 a 1.[16] |
1978 | ![]() | Novamente por não possuir o uniforme reserva, o time do São Paulo teve que usar a camisa do Unión Española no jogo contra o Club Palestino válido pela Taça Libertadores da América de 1978 na qual teve o placar de 1 a 0 para o time paulista.[16] |
1983 — 1996 | ![]() ![]() | A partir de 1983 o uniforme principal passou a ter a faixa branca mais estreita deixando, dessa maneira, as faixas vermelha e preta mais próximas. A proporção da distância entre as faixas continua a mesma até hoje.[5] |
1984 | ![]() | Em 1984 foi criado um terceiro uniforme para ser utilizado em amistosos, sendo alguns deles internacionais.[17] |
1985 | ![]() | A exemplo da camisa anterior, essa também foi confeccionada para uso em amistosos de 1985.[17] |
1993 | ![]() ![]() | Curiosamente em 1993, o São Paulo jogou o primeiro semestre do ano com meiões pretos ao invés dos até então tradicionais meiões brancos. Essa troca ocorreu até em jogos em que o time era mandante e foi com esse uniforme que o bicampeonato da Libertadores foi conquistado.[18] |
1996 — 1997 | ![]() ![]() | Nos anos 90 a FIFA exigiu que houvesse diferenciação entre todas as partes do uniforme de um time. Para isso o São Paulo instituiu em 1996 e 1997 a cor vermelha para o calção e meiões no segundo uniforme.[19] |
1998 — 2010 | ![]() ![]() | A partir de 1998 o uniforme secundário substituiu o vermelho pelo preto no calção e meiões, que perdura até os dias atuais. |
2000 | ![]() | Em 15 de janeiro de 2000 o São Paulo prestou uma homenagem aos 100 anos do C.A. Paulistano jogando o primeiro tempo de uma partida do Torneio Internacional Constantino Cury, contra o Avaí, com uma camisa inspirada na que o clube utilizava.[20] |
2007 | ![]() ![]() | Pela primeira vez na história o clube contou com uniformes exclusivos para disputas internacionais, principalmente a Copa Libertadores da América. O uniforme foi desenvolvido de maneira a ter toques mais clássicos, como a gola polo e os punhos em tecido retilíneo fazendo, com isso, alusão aos anos 80.[11] |
2008 | ![]() | Em 2008 foi lançada uma terceira camisa em homenagem ao torcedor do São Paulo, mas sem ser utilizada em jogos oficiais. A "Camisa Oficial da Torcida Tricolor", apelidada de "Torcedor Black", acabou em campo utilizada pelo goleiro Rogério Ceni. A intenção da Reebok é de lançar uma dessas camisas por ano.[12] |
2009 | ![]() | Seguindo o mote do ano anterior o São Paulo lança em 2009 mais uma "Camisa Oficial da Torcida Tricolor". Dessa vez a inspiração veio da camisa utilizada durante o Paulista de 1966 com uma manga em cada cor e detalhes em dourado. Uma das diferenças para a primeira e segunda camisa é a gola polo, porém todo o restante da camisa segue o mesmo padrão.[13] |
2009 | ![]() ![]() | O uniforme atual contém linhas mais retas e que seguem o formato do corpo. os números também foram modificados, deixando a camisa mais limpa. De 2001 ao início de 2010 o patrocinador foi a LG Electronics e desde 2006 o uniforme é responsabilidade da Reebok.[13] |
Patrocinadores
PrincipaisApenas em janeiro de 1982 é que o Conselho Nacional de Desportos passou a permitir patrocínios em camisas de clubes de futebol, porém apenas para partidas no exterior.[21] Ainda no mesmo ano o patrocínio estampado na camisa acabou permitido para jogos em território nacional, dessa maneira o São Paulo ostentou a Cofap como patrocinadora do time na final do Campenato Paulista de 1982.[22]
A LG Electronics teve sua marca exposta na frente e atrás da camisa até 15 de janeiro de 2010[23] com valores próximos a 18 milhões de reais anuais — contanto o aditamento do contrato anterior no valor de 16 milhões mais a atualização monetária pelo IGP-M[24][25] —, o que o credenciava a um dos maiores contratos de patrocínio do Brasil em 2009. O time teve com o patrocínio da LG a sua mais duradoura parceria, uma vez que ficou por nove anos como patrocinador. Antes dela, a TAM é que havia ficado por mais tempo na camisa do time, quatro anos.[26]
1982 — 1982 | Cofap.[n.b. 1] | 1987 — 1988 | Bic. |
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1983 — 1983 | BCN. | 1988 — 1991 | Coca-Cola. |
1984 — 1984 | Perdigão.[n.b. 2] | 1991 — 1993 | IBF Formulários. |
1984 — 1984 | Ovomaltine.[n.b. 2] | 1993 — 1996 | TAM Linhas Aéreas. |
1984 — 1984 | Sorte Já: Carnê Tricolor.[5] | 1997 — 1997 | Data Control. |
1984 — 1984 | Promad. | 1997 — 1997 | Cirio.[n.b. 3] |
1984 — 1986 | Cruzeiro do Sul Seguros. | 1997 — 1998 | Cirio.[n.b. 4] |
1984 — 1986 | Cruzeiro do Sul Seguros.[n.b. 5] | 1998 — 1999 | Cirio. |
1984 — 1986 | Cruzeiro do Sul Seguros.[n.b. 6] | 2000 — 2001 | Motorola. |
1984 — 1986 | Cruzeiro do Sul Seguros.[n.b. 7] | 2001 — 2001 | Arapuã.[n.b. 8] |
1986 — 1986 | Lionella.[n.b. 9][27] | 2001 — 2010 | LG Electronics. |
1986 — 1986 | VASP. | ||
1986 — 1987 | Nugget. |
Mangas
O São Paulo fechou um contrato no dia 6 de julho de 2009 com a LG Display para as mangas da camisa que estampará o nome de uma tecnologia da marca, o In-Plane Switching.[28] O acordo demorou cerca de quatro meses para ser fechado por conta de um entrave sobre o tamanho do logotipo a ser estampado, o clube chegou a rejeitar diversas propostas por conta disso.[29] No final, somando os valores do patrocínio principal da LG Eletronics — pouco menos de 18 milhões de reais anuais — e da LG Display — em torno de 3 milhões de reais anuais[30] —, o clube arrecadará por ano cerca de 20 milhões de reais somente na camisa em uma parceria que durará até fevereiro de 2010.[31]
2000 — 2001 | Motorola.[32][33] | 2006 — 2009 | Fast Shop. |
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2002 — 2002 | TAM.[n.b. 10][34] | 2009 — 2010 | LG Display.[n.b. 11][31] |
2003 — 2005 | Habib's. |
Juntando-se os patrocinadores da camisa mais os laboratórios Aché e a Volkswagen — que são responsáveis por promoções e backdrops — a conta tricolor chega aos 30 milhões anuais,[31] a maior receita de um clube brasileiro.[30] O clube recebeu, inclusive, sondagens antes de outros clubes para espaços em diversos lugares do uniforme, mas refutou qualquer tentativa de modo a não poluir o uniforme.[35]
Outros
Além dos patrocinadores da camisa, o clube tricolor mantém alguns outros contratos de valores mais baixos. Entre eles estão Volkswagen, Aché, FEMSA, TAM, Habib's, Visa e Life Fitness. Além disso, possui diversas parcerias para alavancar recursos para o clube e que incluem, além da Volkswagen e Aché, a Applebee's e a ABIH que rendem ao clube cerca de 20 milhões de reais anuais.[36]
Fornecedores de material esportivo
Desde 1981 — com a Le Coq Sportif — o São Paulo estampa o logotipo de seu fornecedor de material esportivo na camisa. Em 2006 a Reebok fez seu primeiro contrato de patrocínio com o São Paulo, que perduraria até 2008. Porém ainda em 2007 renovou seu contrato até 2010 com valores de 15 milhões de reais por ano. Sendo que o valor total, incluindo royalties, luvas e prêmios, chega aos 21 milhões anuais sendo 18 milhões em dinheiro, o maior contrato de material esportivo do Brasil.[37][38]
1960 — 1967 | Athleta. | 1985 — 1990 | Adidas. |
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1968 — 1972 | HerinGol. | 1991 — 1995 | Penalty. |
1972 — 1973 | Scratch. | 1996 — 1998 | Adidas. |
1974 — 1977 | Penalty. | 1998 — 2002 | Penalty. |
1977 — 1977 | Terres. | 2003 — 2005 | Topper. |
1978 — 1979 | Dell'erba. | 2006 — 2010 | Reebok. |
1980 — 1984 | Le Coq Sportif. |